Imagem política - comunicação não verbal dos candidatos à Presidência
Por que assistir à entrevista de um candidato a um cargo político pode influenciar de maneira tão
contundente nossa opinião sobre ele?
Se você tem algum contato com
estudos de comunicação, já deve ter ouvido falar da regra dos 7-38-55 do Professor
Albert Mehrabian, o qual, juntamente com outros colegas da University of
California, Los Angeles (UCLA) realizou, em 1960, um estudo sobre o impacto de
três elementos na comunicação: o conteúdo das palavras (7%), o tom de voz (38%)
e linguagem corporal (55%).
De fato, a percepção que
temos de credibilidade, segurança, confiança de um candidato quando apenas o
ouvimos, em uma entrevista de rádio, por exemplo, não será a mesma de quando observamos
os detalhes de maior influência como comportamento, movimentos, olhares,
gestos e postura.
Muito curiosa com o fato de
pessoas próximas terem mudado seu voto após assistirem à entrevista de um dos
candidatos – que aliás, hoje tem grandes intenções de voto nas pesquisas – fui incentivada,
principalmente como profissional da área de consultoria de imagem pessoal e
estudante de comunicação, a analisar os candidatos em aparições na mídia e
identificar suas principais mensagens não verbais.
Sem julgar o conteúdo de suas
falas e propostas eleitorais (assisti aos vídeos sem áudio), o que não foi objeto de minha análise, mas nem
por isso deixa de ter sua fundamental importância, foram analisados vários
aspectos da linguagem corporal. Todos são relevantes e juntos têm seus significados na
comunicação, alguns com mais e outros com menos impacto, como por exemplo, a
postura levemente curvada à frente, com os braços e mãos escondendo o rosto de
um dos candidatos enquanto falava, pode ter transmitido a sensação de um
profissional inseguro, características de alguém sem experiência ou
despreparado para o cargo – ainda que não seja esta a real situação - prejudicando sua intenção de convencer mais eleitores.
Posição de encolhimento e bloqueio mostra insegurança |
No entanto, o principal ponto a comunicar características de confiabilidade e competência, essenciais
para um cargo público tão importante como o presidencial, foi sem dúvidas, em
minha opinião, o uso do olhar. Quando alguém conversa conosco desviando o olhar
em outras direções, sua credibilidade diminui drasticamente, ainda que esse
comportamento ocorra por questões emocionais de timidez ou nervosismo. Por outro lado, pessoas que mantêm seu foco visual, na maior parte do
tempo, em seu interlocutor, mostram interesse, poder de influência e geram
engajamento.
Olhar desviado para diferentes pontos durante o discurso transmite instabilidade |
Os candidatos que demonstram
maior segurança na fala, que aparentam sinceridade e enviam mensagens não
verbais de credibilidade, são aqueles que olham diretamente para seus
entrevistadores, sem desviar constantemente o olhar para as câmeras (o que pode
tornar o discurso mais engessado e artificial) ou ainda para regiões aleatórias
como “pontos invisíveis” ou o chão. Essa capacidade de manter o foco, apesar de
muitas vezes ter sido objeto de treino e orientação profissional, pode ter
origem em outras atividades e experiências de vida do indivíduo, que de alguma
forma exercitam a disciplina e o controle pessoal, portanto, oferecendo
maior segurança e estabilidade de comportamento.
Atenção oscilando entre o entrevistador e a câmera pode parecer ensaiado |
Foco no entrevistador gera empatia e proximidade |
Estes símbolos representativos
e abastecidos de significados são percebidos assim por todos nós, estudiosos ou
não dos elementos de imagem, tendo em vista que nossa evolução como espécie tem
aprimorado a capacidade de identificar mensagens de perigo ou proteção, de quem
devemos nos afastar e em quem confiar, baseado em elementos visuais do nosso
entorno.
Aqui não foram citados nomes, com o principal intuito de não ser um artigo parcial, mas apenas de tornar clara a importância da comunicação não verbal em nosso discurso e imagem projetada, seja ela pública política, ou mesmo em nossas relações sociais mais íntimas, sem relevância nacional.
Aqui não foram citados nomes, com o principal intuito de não ser um artigo parcial, mas apenas de tornar clara a importância da comunicação não verbal em nosso discurso e imagem projetada, seja ela pública política, ou mesmo em nossas relações sociais mais íntimas, sem relevância nacional.
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